JOÃO GOMES RIBEIRO JÚNIOR
João
Gomes Ribeiro Júnior nasceu no Engenho Jesus, Maria, José, em
Laranjeiras
(SE), no dia 29 de fevereiro de 1840, filho de João Gomes Ribeiro e de Maria
Miquelina Ribeiro. Seu pai foi deputado provincial em Alagoas em 1850-1851.
Recebeu o
diploma de bacharel na Faculdade de Direito do Recife em 1862. No ano seguinte
foi nomeado promotor público da comarca de Lagarto (SE) e em 1864 passou a
curador geral dos órfãos, sendo removido a pedido para a comarca de Itabaiana
(SE) em
1865. Em 1866 foi transferido, novamente a pedido, para Laranjeiras (SE). Foi
nomeado juiz municipal e de órfãos dos termos reunidos de Pão de Açúcar e Mata
Grande (AL) em 1867, mas no mesmo ano pediu exoneração. Fixando-se em Maceió,
foi
nomeado
Tesoureiro da Alfândega e, em 6 de agosto de 1868, procurador fiscal interino
da Fazenda Geral. Ainda em 1868 foi nomeado juiz de direito e também lente
substituto de aritmética e geometria no Liceu Alagoano, onde seria catedrático
de filosofia em 1881 e 1882.
Durante
esse período participou ativamente do movimento abolicionista em Alagoas, sendo
nomeado procurador fiscal da Tesouraria Provincial Abolicionista em 1871. Fez
parte também da Sociedade Libertadora Alagoana. Tornou-se republicano por volta
de 1872, participando do Clube Republicano Radical e do Centro Republicano
Federal de Alagoas. Nesse mesmo ano fundou em Maceió o primeiro jornal de apoio
à causa republicana, denominado A República, do qual foi redator principal. Foi
um dos organizadores e membros do primeiro corpo editorial da Revista do
Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, também em 1872, foi redator do
jornal O Século, fundado em 1877, e colaborou naGazeta de Alagoas e em O
Guttenberg, que se tornou órgão do Centro Republicano Federal de Alagoas.
Quando da queda da monarquia, representou o Centro nas negociações para que o
presidente da província, Pedro Moreira Ribeiro, nomeado ainda no Império e
empossado no próprio dia 15 de novembro de 1889, abandonasse o governo,
permitindo assim que o Centro Republicano organizasse uma junta governativa
para substituí-lo.
Em 11 de
outubro de 1890 foi nomeado governador do Rio Grande do Norte pelo governo
provisório chefiado por Deodoro da Fonseca. Menos de um mês antes, em 15 de
setembro, haviam sido realizadas as eleições para o Congresso Nacional
Constituinte, vencidas no estado pela chapa organizada por Pedro Velho de
Albuquerque Maranhão, líder do Partido Republicano do Rio Grande do Norte. O
próprio Pedro Velho havia assumido o governo do estado em 19 de setembro. Ao
substituí-lo em 8 de novembro, João Gomes Ribeiro aproximou-se de seus
opositores e nomeou alguns para cargos públicos, entendendo que tinham sido
perseguidos pelas administrações anteriores. Criticou abertamente a
intolerância e o autoritarismo dos “pedrovelhistas”, por acreditar que o
dinheiro público tinha sido desviadopara ajudar a eleger Pedro Velho deputado
constituinte. Entretanto, durante seu governo foi deflagrada uma campanha em
prol da volta de Pedro Velho ao governo, apoiada por várias municipalidades e
pelos jornais O Povo e A República, este último de propriedade do próprio Pedro
Velho. Afinal, em 7 de dezembro de 1890 foi afastado do governo do Rio Grande
do Norte por influência direta de Pedro Velho junto a Cesário Alvim, ministro
do Interior. Pedro Velho fez nomear governador seu correligionário Manuel do
Nascimento Castro e Silva, então chefe de Polícia
De volta
à atividade de jornalista, foi redator chefe de O Nacional, surgido em 1892.
Era sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas.
Faleceu em Maceió no dia 27 de outubro de 1897.
Casou-se
com Carolina Augusta Ramalho Gomes Ribeiro, com quem teve pelo menos um filho,
João Gomes (João Gomes Ribeiro Filho, nas anotações pessoais João Gomes Ribeiro
Neto), que foi comandante da 1ª Região Militar em 1934-1935 e ministro da
Guerra em 1935-1936, durante o governo de Getúlio Vargas.
Publicou
o Novo Regimento de Custas Judiciárias, com notas, apêndices, jurisprudência
dos tribunais e opiniões de jurisconsultos, e Discurso do orador: discorre
sobre a necessidade da construção de uma nova e verdadeira história, e aponta
trabalhos de caráter histórico importantes de autoria de alagoanos, na Revista
do IHGA(1874).
RENATO AMADO PEIXOTO
FONTES:
BARROS, F. ABC das Alagoas (v. 1, 2); BUENO, A.
Visões;
CASCUDO, L. Governo; CASCUDO, L. História; Revista do Instituto Histórico de
Alagoas (v.25-26).